segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Gasolina, guerra de classes, e o que não se vê



O episódio da redução na conta de luz seguido do aumento do preço da gasolina, ocorrido no início desse ano, é a prova de que o Estado só cobre um santo para descobrir outro, e que, esperar gratidão da parte dele é no mínimo uma grande prova de ingenuidade.

Que o fato do governo, ainda mais um governo petista, ser um verdadeiro ninho de cobras mentirosas, não é novidade para ninguém, mas o mais curioso em todo esse episódio foi a defesa virtual de tal medida, defesa esta feita por militantes que, mesmo em meio a atos descarados, aprova e defende leis e aumentos tributários em nome do partido. O que define um militante fanático é não largar a bandeira mesmo sob atos incrivelmente falhos por parte de seu partido ou ideologia.




Como podem ver na imagem acima, a defesa da redução na conta de luz seguida do aumento do preço da gasolina é justificável, aos olhos dos petistas e esquerdistas virtuais, uma vez que energia elétrica é algo usado por uma imensa maioria e pelas indústrias, já os carros são uma exclusividade de uma minoria...uma elite, se assim preferir. Mas, tal guerra de classes implícita os cega para as demais consequências que esse aumento no preço da gasolina pode conduzir.


Frédéric Bastiat disse uma vez que o mau economista é aquele que só enxerga o que está de imediato, ignorando assim as consequências colaterais e não intencionais que tais medidas podem trazer. Permita-me agora, caro leitor, mostrar-lhe algumas das consequências secundárias que o aumento do – já alto – preço da gasolina poderá, e irá, trazer à população brasileira como um todo, ricos e pobres....ou, como diria a esquerda: “burgueses e proletários”.

Em primeiro lugar, uma coisa que estão ignorando em todo esse cenário é o simples fato de que pobres também usam veículos dependentes de gasolina, mesmo que não sejam donos dos mesmos. Em cidades grandes como São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro ou demais capitais, os pobres necessitam usar transporte coletivo para se locomover; em cidades grandes como essas é simplesmente impraticável tentar ir do trabalho para casa a pé, salvo raros casos. Em tais cidades, os pobres necessitam do serviço de ônibus, taxis e moto-taxis, e, como é de conhecimento do leitor, tais veículos são movidos a gasolina e/ou diesel (que também teve o preço elevado); não é necessário pensarmos muito para concluir que uma elevação no preço da gasolina vai causar um aumento no preço da passagem dos ônibus, assim como um aumento do preço para se andar de taxi ou moto-taxi.

Mas a coisa não para por ai. Imaginemos agora uma cidade pequena ou média, onde as pessoas, no geral, não gastem mais de 15 minutos indo de casa para o trabalho. Tal cenário as livra da necessidade de carro, ônibus, taxis, moto-taxis e afins. Mas, se em meio a todo esse bucolismo aos quais esses cidadãos em particular estão inseridos faz o nobre leitor pensar que eles não serão afetados pelo aumento no preço da gasolina, lamento dizer, mas está enganado. O Brasil é um país extremamente dependente de caminhões para o escoamento e transportes de grãos uma vez que temos um pífio sistema ferroviário para fazê-lo; vale lembrar também que caminhões, em virtude de seu enorme peso, demandam muito mais gasolina que um carro demandaria para fazer o mesmo trajeto, sendo assim, esse aumento no preço da gasolina e do diesel, apesar de aparentemente pequeno, levará a um grande aumento no preço dos alimentos que os caminhões estão transportando até as cidades e aos centros comerciais, uma vez que o preço de tal serviço de transporte está embutido no preço dos produtos, juntamente com outros insumos. Só lembrando que, para quem é pobre, elevações percentuais aparentemente pequenas no preço dos produtos representa no final do mês um belo pedaço de seu orçamento.

Como se já não fosse muito, os empregados dos postos de gasolina – em geral pobres – correrão o risco de perderem seu emprego uma vez que haverá uma menor demanda por gasolina; como uma menor demanda, cortes de gastos serão necessários, cortes esses que, por sua vez, podem vir na forma de demissões.

Como podemos concluir, uma medida que antes parecia afetar uma minoria da população vai na verdade afetá-la como um todo, do rico ao pobre. A grande diferença aqui é que ricos, apesar de também saírem prejudicados, possuem capital e alternativas para aliviar esse aumento de preços, seja na gasolina ou dos produtos que requisitam gasolina para seu escoamento e comercialização; já os mais pobres, eles são os menos dotados de dinheiro a alternativa para aliviar sua situação já não tão boa.

Como conselho ao leitor, concordando ou não com o que eu falo ou até mesmo com minha ideologia, peço apenas que procure nas vezes seguintes em que analisar um ato político, que procure observar as consequências secundárias dos mesmos, assim como os grupos que aparentemente não serão afetados por tais medidas.

2 comentários:

  1. muito bom,os esquerdinhas só estão enxergando o que se vê,o imediato...este aumento na gasolina nos prejudicará muito ainda...

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  2. E agora?
    09/02/2015
    Projeção aponta para aumento de 62% na energia elétrica em Santa Catarina.
    http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2015/02/projecao-aponta-para-aumento-de-62-na-energia-eletrica-em-santa-catarina-4697465.html

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