quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Questão do Individualismo



Não é de hoje que críticos do capitalismo e do mercado vêm argumentando que tais sistemas são fomentadores do individualismo, que, segundo eles, levará a humanidade a um estado de egoísmo patológico, onde as pessoas não mais se entenderão e consigam viver em comunidade. Entretanto, os críticos contemporâneos do capitalismo não estão contentes apenas em evidenciar o egoísmo exacerbado que o mesmo conduz; para eles a psicopatia é o resultado final de um sistema onde o individuo se coloca em primeiro lugar.

Se as tais conclusões também lhe parecem ridículas, caro leitor, espere até ver as soluções. Segundo eles, para sanar tal individualismo danoso a longo prazo, devemos implantar uma forma de governo onde o individuo fique em segundo lugar em detrimento ao coletivo. E como o fomentador de tal individualismo é o mercado, qualquer medida para atrapalhar o funcionamento deste é válida, indo desde medidas assistencialista até medidas autoritárias de distribuição de renda.

Antes de qualquer coisa, devemos ficar cientes da real natureza do altruísmo e das próprias atitudes altruístas. Quando praticamos algo de caráter altruísta, seja por meio de doações ou por qualquer outro tipo de ajuda, não estamos apenas satisfazendo o ajudado como também estamos satisfazendo a nós mesmos. Explicando melhor; quando você faz uma doação de sangue, você está se ajudando ao passo que se nutre de um sentimento de gratificação. Toda medida altruísta mascara um desejo egoísta de se sentir bem com as próprias ações. 





quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sobre a impossibilidade do Anarcocomunismo



Recentemente, em um de meus momentos de ociosidade cibernética, me deparei com o seguinte termo no facebook: “anarcocomunismo”. Depois do choque inicial que senti ao ler tal termo, me senti meio que na obrigação de refletir comigo mesmo o quão absurda é somente a idéia de se juntar o sufixo “anarco” com “comunismo”.

De uns tempos pra cá, surgiu uma onda de anarquismo na internet, seja por rebeldia de uma geração que quer melhorar o mundo mas não sabe como, ou seja por puro modismo, mas o sufixo “anarco” nunca se viu tão presente quanto nos dias atuais. Se tem uma coisa que caracteriza essa geração é buscar uma ideologia que, em meio de tantas crises e conflitos econômicos e sociais, vai de alguma forma trazer uma solução de paz e prosperidade para todos. Como resultado, vemos um monte de gente com máscaras do Anonymous achando que vão mudar o mundo de trás de seus computadores, ou então em protestos sem um mínimo de significado. O que é mais bizarro ainda são os casos de anarquistas reclamando por 10% do PIB na educação, o que seria somente contraditório também carrega um ar de idiota.




domingo, 4 de novembro de 2012

Resposta ao Clairon: Meritocracia




O vídeo acima é uma recente crítica feita pelo vloggueiro Clarion à forma como encaramos a meritocracia pela ótica do mercado. Ignorando a forma debochada e ridicularista que ele apresenta a sua crítica, ainda assim não deixa de mostrar as inúmeras falhas que ele comete ao criticar a forma como o mercado premia as pessoas.

Logo no começo, ele compara o mercado com uma entidade divina que tudo sabe e tudo corrige, agindo por meio de uma sapiência chamada “mão invisível”, em seguida, se vangloria de seu ateísmo (ceticismo) por questionar as verdades dessa divindade.  É justamente aí que reside o primeiro erro de Clarion, o de comparar o mercado com uma entidade à parte da sociedade; verdade que ele fez isso apenas como figura de linguagem, isto é, exagero, mas não muda o fato de que ele deturpa a natureza do mercado.

O mercado não é uma entidade a parte da sociedade, ele é justamente formado pela sociedade. O mercado nada mais é que um conjunto de consumidores e vendedores que entram em contato para trocar aquilo que em um momento eles dão menos valor para algo que eles dão mais valor. Explicando melhor: ao entrar em um restaurante, você está disposto a trocar algo que naquele momento você dá menos valor (dinheiro) por algo que naquele mesmo momento você dá mais valor (comida), ao passo que o comerciante, ou seja, o dono do restaurente, está disposto a fazer a mesma coisa, ele trocará algo que ele dá menos valor (comida) por algo que dá mais valor (dinheiro). Isto é o mercado. A analogia mercado X divindade de Clarion, apesar de ser um mero recurso linguístico, deturpa toda a natureza social e interativa que o mercado possui. O mercado não é uma entidade autônoma que opera sozinha, tampouco algo que existe à parte das pessoas.