Não é de hoje que críticos do
capitalismo e do mercado vêm argumentando que tais sistemas são fomentadores do
individualismo, que, segundo eles, levará a humanidade a um estado de egoísmo
patológico, onde as pessoas não mais se entenderão e consigam viver em
comunidade. Entretanto, os críticos contemporâneos do capitalismo não estão
contentes apenas em evidenciar o egoísmo exacerbado que o mesmo conduz; para
eles a psicopatia é o resultado final
de um sistema onde o individuo se coloca em primeiro lugar.
Se as tais conclusões também lhe
parecem ridículas, caro leitor, espere até ver as soluções. Segundo eles, para
sanar tal individualismo danoso a longo prazo, devemos implantar uma forma de
governo onde o individuo fique em segundo lugar em detrimento ao coletivo. E como
o fomentador de tal individualismo é o mercado, qualquer medida para atrapalhar
o funcionamento deste é válida, indo desde medidas assistencialista até medidas
autoritárias de distribuição de renda.
Antes de qualquer coisa, devemos
ficar cientes da real natureza do altruísmo e das próprias atitudes altruístas.
Quando praticamos algo de caráter altruísta, seja por meio de doações ou por
qualquer outro tipo de ajuda, não estamos apenas satisfazendo o ajudado como
também estamos satisfazendo a nós mesmos. Explicando melhor; quando você faz
uma doação de sangue, você está se ajudando ao passo que se nutre de um
sentimento de gratificação. Toda medida altruísta mascara um desejo egoísta de
se sentir bem com as próprias ações.
Ao ver um mendigo sendo espancado
na rua por um garoto desordeiro, você automaticamente fica preenchido de um
sentimento de revolta, de injustiça; ao partir para cima do garoto na intenção
de salvar o mendigo, você está sanando um desejo de justiça que há dentro de
você; não é só o mendigo que está sendo ajudado, mas você também está, mesmo
que não perceba.
Voltando à parte das “soluções para o
individualismo”, os pensadores e temorosos em relação ao futuro de psicopatia à
nossa frente, argumentam que o Estado deve impor medidas assistencialistas afim
de frear esse monstro que nos espera. Mas como a lógica não é o forte deles,
eles simplesmente ignoram que ao passo que o governo tira de uns para dar aos
outros, ele está não somente fazendo caridade com o dinheiro alheio mas também
não está tornando as pessoas tributadas mais altruístas.
Pensemos na seguinte situação
hipotética: Astolfo é um multimilionário, velho, ranzinza e estupidamente
egoísta que odeia dividir até as menores coisas; certo dia o governo decide
tributá-lo a fim de “ajudar os pobres”, e, mesmo que Astolfo não queira, parte
do seu dinheiro será tirado à força para que isso se concretize. Agora caro
leitor, eu lhe pergunto: por acaso Astolfo se tornou uma pessoa mais altruísta
e generosa? Por acaso Astolfo ficou ciente de que as pessoas pobres do mundo
necessitam de ajuda dos ricos? Por acaso Astolfo fará doações daqui pra frente
a fim de compensar as injustiças sociais? É claro que não.
Para qualquer um que goste de usar
seu cérebro, fica evidente que medidas altruístas por parte do governo
sustentadas por meio de impostos não tornam aqueles tributados pessoas mais
altruístas. Todo o dinheiro tomado delas foi tirado à força e não dado de boa
vontade mediante uma virtude coletivista.
O grande defeito dessa visão deturpada que
muitos tem do individualismo é não perceber o quão útil o mesmo é para a
sociedade; por mais que isso soe estranho aos ouvidos ingênuos e pouco
conhecedores, o individualismo é mais útil que o coletivismo.
Tal constatação fica fácil de ser
observada – principalmente no mercado – quando temos em mente que ao buscar a
satisfação seus próprios desejos e necessidades, o individuo beneficia não
somente a si próprio, mas também outras pessoas que ele sequer conhece, mesmo
que ele não queira. Quando um padeiro busca ter lucro, isto é, sanar um desejo individual, ele fará isso por meio de
seu trabalho; ao ter seu lucro ele não só se beneficiará, mas também todos os
seus clientes com os pães produzidos, assim como todos os seu funcionários que
foram necessários para a produção dos pães também serão ao receberem o salário.
Esse argumento do benefício mutuo
gerado pelo individualismo não é novidade, caro leitor; tal argumento vem desde
Adam Smith ao escrever seu livro A Riqueza das Nações, a mais de 200 anos
atrás; entretanto, até hoje os estatistas fecham os olhos para ele e continuam
a acreditar que a generosidade por si só é a solução para uma boa sociedade,
mesmo que tal generosidade seja forçada e os “contribuintes” sequer tenham
concordado momento algum com ela.
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