quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Questão do Individualismo



Não é de hoje que críticos do capitalismo e do mercado vêm argumentando que tais sistemas são fomentadores do individualismo, que, segundo eles, levará a humanidade a um estado de egoísmo patológico, onde as pessoas não mais se entenderão e consigam viver em comunidade. Entretanto, os críticos contemporâneos do capitalismo não estão contentes apenas em evidenciar o egoísmo exacerbado que o mesmo conduz; para eles a psicopatia é o resultado final de um sistema onde o individuo se coloca em primeiro lugar.

Se as tais conclusões também lhe parecem ridículas, caro leitor, espere até ver as soluções. Segundo eles, para sanar tal individualismo danoso a longo prazo, devemos implantar uma forma de governo onde o individuo fique em segundo lugar em detrimento ao coletivo. E como o fomentador de tal individualismo é o mercado, qualquer medida para atrapalhar o funcionamento deste é válida, indo desde medidas assistencialista até medidas autoritárias de distribuição de renda.

Antes de qualquer coisa, devemos ficar cientes da real natureza do altruísmo e das próprias atitudes altruístas. Quando praticamos algo de caráter altruísta, seja por meio de doações ou por qualquer outro tipo de ajuda, não estamos apenas satisfazendo o ajudado como também estamos satisfazendo a nós mesmos. Explicando melhor; quando você faz uma doação de sangue, você está se ajudando ao passo que se nutre de um sentimento de gratificação. Toda medida altruísta mascara um desejo egoísta de se sentir bem com as próprias ações. 






Ao ver um mendigo sendo espancado na rua por um garoto desordeiro, você automaticamente fica preenchido de um sentimento de revolta, de injustiça; ao partir para cima do garoto na intenção de salvar o mendigo, você está sanando um desejo de justiça que há dentro de você; não é só o mendigo que está sendo ajudado, mas você também está, mesmo que não perceba.

 Voltando à parte das “soluções para o individualismo”, os pensadores e temorosos em relação ao futuro de psicopatia à nossa frente, argumentam que o Estado deve impor medidas assistencialistas afim de frear esse monstro que nos espera. Mas como a lógica não é o forte deles, eles simplesmente ignoram que ao passo que o governo tira de uns para dar aos outros, ele está não somente fazendo caridade com o dinheiro alheio mas também não está tornando as pessoas tributadas mais altruístas.

Pensemos na seguinte situação hipotética: Astolfo é um multimilionário, velho, ranzinza e estupidamente egoísta que odeia dividir até as menores coisas; certo dia o governo decide tributá-lo a fim de “ajudar os pobres”, e, mesmo que Astolfo não queira, parte do seu dinheiro será tirado à força para que isso se concretize. Agora caro leitor, eu lhe pergunto: por acaso Astolfo se tornou uma pessoa mais altruísta e generosa? Por acaso Astolfo ficou ciente de que as pessoas pobres do mundo necessitam de ajuda dos ricos? Por acaso Astolfo fará doações daqui pra frente a fim de compensar as injustiças sociais? É claro que não.

Para qualquer um que goste de usar seu cérebro, fica evidente que medidas altruístas por parte do governo sustentadas por meio de impostos não tornam aqueles tributados pessoas mais altruístas. Todo o dinheiro tomado delas foi tirado à força e não dado de boa vontade mediante uma virtude coletivista.  





O grande defeito dessa visão deturpada que muitos tem do individualismo é não perceber o quão útil o mesmo é para a sociedade; por mais que isso soe estranho aos ouvidos ingênuos e pouco conhecedores, o individualismo é mais útil que o coletivismo.

Tal constatação fica fácil de ser observada – principalmente no mercado – quando temos em mente que ao buscar a satisfação seus próprios desejos e necessidades, o individuo beneficia não somente a si próprio, mas também outras pessoas que ele sequer conhece, mesmo que ele não queira. Quando um padeiro busca ter lucro, isto é, sanar um desejo individual, ele fará isso por meio de seu trabalho; ao ter seu lucro ele não só se beneficiará, mas também todos os seus clientes com os pães produzidos, assim como todos os seu funcionários que foram necessários para a produção dos pães também serão ao receberem o salário.

Esse argumento do benefício mutuo gerado pelo individualismo não é novidade, caro leitor; tal argumento vem desde Adam Smith ao escrever seu livro A Riqueza das Nações, a mais de 200 anos atrás; entretanto, até hoje os estatistas fecham os olhos para ele e continuam a acreditar que a generosidade por si só é a solução para uma boa sociedade, mesmo que tal generosidade seja forçada e os “contribuintes” sequer tenham concordado momento algum com ela.

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