Estamos numa época de crise
econômica e, como de praxe, os gritos em prol de uma tributação maior são cada
vez mais frequentes e evidentes. Esquerdistas de todas as vertentes alegam que
os detentores das maiores riquezas são aqueles responsáveis pelo caos econômico
da atualidade, logo, é de extrema necessidade que os políticos os tributem mais
a fim de sanar essa culpa e reparar a ordem econômica.
Tal medida esconde consequências que
vão muito além do que o entendimento comum consegue perceber. Ao contrário do
que a lógica socialista/esquerdista mostra, essa medida populista e demagoga
não só é ineficiente como os mais prejudicados pela mesma são serão não os mais
ricos, aqueles que o ódio de classes é mais depositado, e sim os mais pobres,
aqueles que as medidas políticas mais pretendem defender.
O que permite que os mais ricos,
hoje em dia, se mantenham nessa condição? O que os torna ricos? Por que são
eles os membros das classes mais altas? Eles são mais ricos porque são
detentores dos meios de produção; são os donos das empresas, fábricas e indústrias.
Ao contrário dos políticos e funcionários públicos, os ricos possuem dinheiro
porque produzem uma quantia considerável de bens e serviços que agrada uma grande
quantidade de consumidores, caso contrário não teriam tanto dinheiro.
Um aumento abrupto nos impostos
das pessoas mais ricas, assim como uma grande quantidade de encargos
trabalhistas – cenário atual -, os obriga a aumentarem o preço dos produtos e
serviços por eles ofertados, e, uma vez que os pobres são aqueles que menos detêm
capital (dinheiro), é lógico dizer que serão aqueles com menos condições de
arcar com a elevação de preço recém imposta; como consequência, terão que abrir
mão de outras coisas, sendo que há situações em que mesmo assim, mesmo com
eventuais sacrifícios, não poderão arcar com aquilo de outrora, tudo graças a
tributação elevada para com os mais ricos.
Se a consequência citada acima
parece desoladora, é porque não viram à próxima. Dependendo da natureza do
produto/serviço ofertado, ou do recém aumento tributário, os mais ricos não se
limitarão em elevar o preço dos produtos – ou simplesmente não o farão na esperança
de não perderem público consumidor -, eles terão que cortar gastos. Com a
quantidade altíssima de encargos trabalhistas hoje em dia, os funcionários
representam um custo enorme dentro das empresas, logo, é lógico dizer que a
atitude principal dos empresários no corte de gastos é a demissão de
funcionários. Mas, tal corte não é feito a esmo. Os mais passiveis de demissão
são aqueles que menos rendem para a empresa, esses por sua vez são aqueles
trabalhadores com menos profissionalização. Os menos profissionalizados são ninguém
menos que os mais pobres. A correlação entre pobreza e pouca profissionalização
é evidente: os mais pobres não possuem condições de arcar com cursos
profissionalizantes, nas vezes em que podem o curso possui uma qualidade
questionável, como consequência sua profissionalização será insuficiente
comparada com a dos trabalhadores de classes sociais mais altas.
A essa altura, creio que já ficou
evidente que uma elevação nos tributos para com os mais abastados é ineficiente
do ponto de vista funcional, e aqueles mais prejudicados são ninguém menos que
as políticas trabalhistas mais tentam irracional e inconsequentemente proteger,
os mais pobres. O episódio da França atual, assim como os Estados Unidos mostra
isso. Há ainda questão de que os mais ricos possuem plenas condições de irem
embora do país para morar em um onde os impostos, assim como os encargos
trabalhistas, são mais leves.
Não se enriqueco os pobres empobrecendo os mais ricos.
(Roberto Campos)
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