O recente episódio da
Abercrombie serviu de um perfeito laboratório para mostrar como o mercado lida
com preconceitos e discriminação por parte das empresas em relação a seus
clientes.
A Abercrombie & Fitch,
famosa marca de roupas norte-americana, devido a uma vontade de seu presidente,
decidiu que não
ia mais vender roupas para pessoas gordas porque, segundo ele, é uma
estratégia de marketing e uma forma de manter a imagem da marca.
Bem, parece que o
efeito alcançado se deu muito diferente do planejado. A marca teve uma significativa
perda de clientes, assim como prejuízos financeiros.
É dessa forma como o
mercado lida com preconceito e discriminação para com clientes; ele leva as
empresas que praticam desses atos a terem prejuízos financeiros, podendo até
mesmo chegar à falência. Quando um vendedor ou empresa trata mal, discrimina ou
deixa de fora um cliente ou um determinado grupo de clientes, ele
inevitavelmente estará perdendo lucros em potencial, uma vez que os clientes
discriminados irão migrar para a concorrência. Isso é algo tão óbvio que eu
poderia parar por aqui, mas há uma coisa ainda mais curiosa nesse caso.
Os clientes da Abercrombie
sempre foram de maioria magra – não necessariamente dos padrões
semi-impossíveis das propagandas, apenas magros. Apesar da Ambercrombie já ter possuído
linhas de números maiores, os magros são a maioria absoluta de seus
consumidores. Com base nisso poderíamos deduzir que a marca não perderia tantos
clientes assim, já que os clientes alvo nunca foram os gordos. O que aconteceu
então?
Aconteceu que seus
clientes habituais se sensibilizaram com os gordinhos, preferindo assim
consumir marcas que não discriminam as pessoas com base em sua aparência. Essa é mais uma das maravilhas do mercado e
da livre iniciativa; as pessoas, mesmo que não sejam as prejudicadas por uma
medida empresarial estúpida, ainda assim não a deixam passar em branco.
Reparem que nenhuma lei
obrigando a Abercrombie a reconsiderar essa medida foi feita. Nenhum burocrata
governamental se sensibilizou e moveu uma palha para mudar isso, tudo partiu
dos consumidores, em outras palavras: do mercado.
Apesar de um tanto
discriminatória e sem lógica comercial, a medida da Abercrombie nesse caso não
deve ser passível de uma legislação que a mude. A empresa é uma propriedade
privada, o que dá direito a seu dono e acionistas tomarem as medidas que
quiserem desde que não interfira na liberdade e propriedade de terceiros. Não
vender roupas para gordinhos, ou qualquer grupo que seja, apesar de arbitrário
e ignorante não interfere a liberdade de ninguém, logo, não há crime ou
vítimas.
Quem ganhou nesse caso
foi a concorrência, não só porque os gordinhos passaram a comprar lá como os
magros, consumidores de longa data, se sensibilizaram e resolveram também
migrar para outras marcas. Não há espaço para discriminação no mercado, e quanto mais livre ele for menor espaço terá, uma vez que quanto menor as barreiras econômicas, maior é a concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores.
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