domingo, 30 de março de 2014

O que o recente episódio da Abercrombie & Fitch nos ensina sobre discriminação e livre mercado?

O recente episódio da Abercrombie serviu de um perfeito laboratório para mostrar como o mercado lida com preconceitos e discriminação por parte das empresas em relação a seus clientes.

A Abercrombie & Fitch, famosa marca de roupas norte-americana, devido a uma vontade de seu presidente, decidiu que não ia mais vender roupas para pessoas gordas porque, segundo ele, é uma estratégia de marketing e uma forma de manter a imagem da marca.

Bem, parece que o efeito alcançado se deu muito diferente do planejado. A marca teve uma significativa perda de clientes, assim como prejuízos financeiros.  




É dessa forma como o mercado lida com preconceito e discriminação para com clientes; ele leva as empresas que praticam desses atos a terem prejuízos financeiros, podendo até mesmo chegar à falência. Quando um vendedor ou empresa trata mal, discrimina ou deixa de fora um cliente ou um determinado grupo de clientes, ele inevitavelmente estará perdendo lucros em potencial, uma vez que os clientes discriminados irão migrar para a concorrência. Isso é algo tão óbvio que eu poderia parar por aqui, mas há uma coisa ainda mais curiosa nesse caso.

Os clientes da Abercrombie sempre foram de maioria magra – não necessariamente dos padrões semi-impossíveis das propagandas, apenas magros. Apesar da Ambercrombie já ter possuído linhas de números maiores, os magros são a maioria absoluta de seus consumidores. Com base nisso poderíamos deduzir que a marca não perderia tantos clientes assim, já que os clientes alvo nunca foram os gordos. O que aconteceu então?

Aconteceu que seus clientes habituais se sensibilizaram com os gordinhos, preferindo assim consumir marcas que não discriminam as pessoas com base em sua aparência.  Essa é mais uma das maravilhas do mercado e da livre iniciativa; as pessoas, mesmo que não sejam as prejudicadas por uma medida empresarial estúpida, ainda assim não a deixam passar em branco.

Reparem que nenhuma lei obrigando a Abercrombie a reconsiderar essa medida foi feita. Nenhum burocrata governamental se sensibilizou e moveu uma palha para mudar isso, tudo partiu dos consumidores, em outras palavras: do mercado.

Apesar de um tanto discriminatória e sem lógica comercial, a medida da Abercrombie nesse caso não deve ser passível de uma legislação que a mude. A empresa é uma propriedade privada, o que dá direito a seu dono e acionistas tomarem as medidas que quiserem desde que não interfira na liberdade e propriedade de terceiros. Não vender roupas para gordinhos, ou qualquer grupo que seja, apesar de arbitrário e ignorante não interfere a liberdade de ninguém, logo, não há crime ou vítimas.


Quem ganhou nesse caso foi a concorrência, não só porque os gordinhos passaram a comprar lá como os magros, consumidores de longa data, se sensibilizaram e resolveram também migrar para outras marcas. Não há espaço para discriminação no mercado, e quanto mais livre ele for menor espaço terá, uma vez que quanto menor as barreiras econômicas, maior é a concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores.

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