As
notícias sobre encoxadores no Brasil não param de aumentar. Nos últimos dias
não foram poucos os relatos mostrando a atitude desses pervertidos para com as mulheres
que usam o transporte coletivo no Brasil.
Antes
de qualquer coisa, quero deixar bem claro aqui que não tenho como objetivo
defender os encoxadores ou diminuir sua culpa, tampouco atribuir esse atos
libidinosos a terceiros ou a alguma instituição em particular. A culpa é deles
e apenas deles. Não é das roupas que a mulher está usando, do quão bonita ela é
ou do seu comportamento.
O
que pretendo aqui é mostrar como o governo fomenta que tais situações aconteçam
por meio de suas ações econômicas e protecionistas. Esse texto é de caráter
econômico, e não social ou comportamental.
Eu
gosto de dizer que se o livre mercado é um mal, o Brasil nunca esteve tão
seguro quanto hoje. Digo isso porque as condições para o empreendedorismo e
atividade comercial no Brasil nunca foram tão hostis. Abrir uma empresa neste
país poderia entrar para a lista dos trabalhos de Hércules como a 13ª tarefa.
Impostos, burocracia, protecionismo, falta de liberdade cambial e de contrato,
etc. O Brasil é um país para ricos, não só em consumo, mas também em
empreendedorismo.
Mas
o que isso tudo tem a ver com encoxadores? Simples, basta focarmos na questão
do transporte coletivo.
O
transporte coletivo, a nível municipal, representa a maior máfia protecionista
que existe no Brasil. As empresas fazem acordos com os políticos a fim de que
estes forneçam a elas, e somente a elas, as licitações para atuar naquela
determinada área municipal ou estadual. Logo, não haverá concorrência. Sem
concorrência os empresários podem se dar ao luxo de oferecerem serviços caros e
de qualidade duvidosa.
É
por isso que cenas de ônibus superlotados são comuns no Brasil. Quanto menos
ônibus em circulação, menor será o custo do empresário; e quanto mais pessoas
ele conseguir espremer dentro dos ônibus mais lucro ele terá. A superlotação somada
à pouca quantidade de ônibus em circulação é a fórmula perfeita para o lucro
alto destes empresários, tudo com o apoio do Estado.
Um
ambiente como este é perfeito para encoxadores e tarados dispostos a se
aproveitarem das mulheres. Um ônibus superlotado leva os passageiros a andarem
em pé; mesmo que as pessoas não queiram elas passarão por situações
constrangedoras onde uns se esfregarão nos outros, seja para entrar, sair ou se
movimentar dentro do veículo.
Repito:
a culpa da conduta aproveitadora dos encoxadores é deles e de mais ninguém, o
que faço aqui é uma reflexão de como o Estado fomenta que tais situações
ocorram.
A
solução para tal seria a abertura do mercado de transporte coletivo, não só na
parte referente aos ônibus, mas também de taxis, metros, moto-taxis, e quaisquer
veículos que sejam. Não só a abertura mas uma pouca (de preferência nenhuma) interferência
no setor. Para se conseguir uma licença de taxi na cidade de São Paulo o
cidadão precisa desembolsar R$ 90.000; isso é mais caro que o próprio taxi!
Com
um mercado aberto haveria uma maior oferta de transporte nas ruas. Com uma
oferta maior as pessoas não teriam mais que se sujeitar a andarem espremidas
feito sardinha numa lata dentre dos ônibus e metrôs. Tal situação iria frustrar
a expectativa dos encoxadores de conseguirem o mais próximo que eles podem de
uma relação sexual com alguém. E se o mercado fosse livre no Brasil, as
empresas poderiam contratar seguranças privados para caso de algum engraçadinho
se meta a besta com alguma mulher (ou homem) dentro do veículo, mas nem isso
pode.
Querendo
ou não, o Estado tem culpa direta ou indireta em grande parte dos problemas que
assolam a sociedade... até mesmo as encoxadas.
Sua análise é correta, mas a solução absolutamente equivocada. Justamente por causa desse "mercado aberto" na área de transportes coletivos - em São Paulo, a partir do fechamento da Companhia Municipal de Transportes Coletivos, a CMTC -, o setor foi dominado por verdadeiras máfias (cito sempre o caso da prefeita Marta Suplicy, que foi ameaçada de morte e teve andar durante muito tempo com colete a prova de balas, por tentar disciplinar o setor). Não há concorrência, porque são sempre as mesmas empresas a dividir os lotes de prestação de serviço, e os contratos são draconianos para as prefeituras (em São Paulo, a Prefeitura é obrigada a subvencionar o transporte em mais de um bilhão de reais por ano). Então, a solução é, ao contrário do que você diz, municipalizar o transporte, como, aí sim, um dever do Estado (Prefeitura). E mais: com transporte municipalizado, poder-se-ia pensar numa forma de financiamento indireto do público a esse setor, com, por exemplo, a cobrança de uma taxa na conta de água, ou de luz ou do telefone ou do IPVA, cobrada de todos os munícipes, de tal forma que a tarifa de ônibus fosse zerada. Sem cobrança, aumentaria a segurança dos ônibus (não haveria dinheiro para ser roubado), não haveria cobradores, a distribuição das linhas de circulação não precisariam ser rentáveis e poderiam ser distribuídas de acordo com as necessidades da população e não de acordo com os interesses dos empresários que atualmente fazem e desfazem do direito de servir mal aos usurários.
ResponderExcluirNão há e provavelmente nunca houve um mercado aberto no setor de transportes, muito pelo contrário.
ExcluirAs empresas de ônibus têm que passar por uma brutal burocracia e luta por licitações para ter alguma fatia de mercado, isso quando elas conseguem.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o sogro de Sérgio Cabral é dono de metade das empresas do estado, e volta e meia ele faz uma proibição das empresas ou empreendedores concorrentes, vide o caso da proibição de vans na cidade do Rio de Janeiro.
O transporte municipalizado geraria o problema da falta de concorrência, novamente permitindo serviços caros e de qualidade duvidosa. É exatamente o problema relatado no texto, com a diferença que agora o governo é o monopolista e não um apadrinhado seu.