Quando nós, economistas liberais, usamos o exemplo de Singapura como um modelo
de desenvolvimento em virtude de sua liberdade econômica, é frequente a
argumentação esquerdista de que 85% de seu mercado residencial estar nas mãos do governo.
Eles esperam com essa argumentação desvalidar o discurso liberal uma vez que
este prega privatizações. A triste verdade para eles é que isso não invalida
nada, e que, na verdade, isso só mostra a profunda falta de conhecimento da
parte deles do que é a liberdade econômica e o liberalismo em si.
Em primeiro lugar devemos ter uma noção do que é liberdade econômica. Liberdade econômica nada mais é que a facilidade que uma empresa (ou empreendedor) tem de adentrar, se movimentar e sair do mercado. Há algumas divergências no meio liberal acerca dos critérios para se definir se um local é ou não livre economicamente (basta comparar os rankings de liberdade do Heritage com o do Fraser e ver que muitos países estão em diferentes posições), mas podemos citar aqui que, dentre os critérios de avaliação se encontram: a carga tributária, burocracia, protecionismo, liberdade de troca, gastos governamentais, etc. Todos esses fatores formam uma média que irá avaliar a liberdade econômica daquele local.
Agora, por que o fato de 85% do
mercado residencial singapuriano estar nas mãos do governo não influi (pelo
menos não de forma significativa) em sua liberdade econômica? Pelo simples fato
de que isso não afeta a liberdade de empreender; essas propriedades
governamentais não são um empecilho significativo ao mercado. Para conferir
isso basta olharmos para alguns dados de Singapura:
- Apenas 14,2 % do PIB de Singapura é de impostos
- Em Singapura demora-se apenas três dias para abrir uma empresa
- Em Singapura custa-se US$ 456 para exportar um contêiner em um porto, o que deixa evidente sua liberdade de troca
- Singapura, por ser um paraíso fiscal, permite a flexibilização cambial, permitindo assim a escolha de moeda por parte dos poupadores e investidores. Não só isso como também possui poucos honorários em seus serviços bancários. [1]
O caso de Singapura é um tanto
análogo ao da Escandinávia. Lá, por ter serviços públicos em extensão, os
esquerdistas dizem que não é uma região de liberalismo e que está mais para um “socialismo”.
Primeiramente, assistencialismo não é socialismo, por mais que eles queriam
associar os países escandinavos com um modelo socialista de gestão, aquilo lá
está muito longe de ser algo que se possa chamar de socialista, pelo menos no
sentido original do termo. Segundamente que, da mesma forma como as
propriedades governamentais singapurianas não interferem na liberdade econômica
do loca, o assistencialismo escandinavo não interfere na liberdade econômica de
lá, exceto na parte de tributação. Mas, como vimos acima, liberdade econômica
vai muito além da carga tributária.
1 – A ideia de que um paraíso fiscal é algo
antiético ainda é o pensamento predominante na mente das pessoas, mas para
aqueles que analisam o que é e como opera um paraíso fiscal, fica evidente que
seu mecanismo é tão eficiente quanto ético. Leia esse texto para ter uma ideia melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário