quarta-feira, 22 de maio de 2013

O que pode aumentar o salário dos trabalhadores?


A grande maioria das pessoas, caso abordada sobre a questão acima, responderia da seguinte forma: “o governo deve criar leis que garantam um salário digno ou maior do que o atual aos trabalhadores”; essa seria a resposta padrão tanto entre os mais leigos como grande parte dos mais esclarecidos em economia. A crença de que o governo pode, por meio de seus decretos legais, aumentar o salário dos trabalhadores é uma das mais presentes e irretorquíveis dos tempos atuais e passados.

Quem dera se as coisas fossem tão fáceis de serem resolvidas simplesmente com uma ordem centralizada vinda de cima, contudo, querer maquiar a realidade por meio dessas crenças econômicas não leva a lugar algum exceto à ineficiência e ao prejuízo daqueles mais visados de melhorias.

O salário mínimo – assim como pisos salariais para determinadas profissões – é o principal recurso de um governo, na maioria esmagadora dos casos, para aumentar ou garantir um salário aos trabalhadores. À primeira vista faz sentido que uma lei determinando um mínimo a ser pago vai garantir que os trabalhadores possam dispor de certo poder de compra seguramente. Tal pensamento, apesar de imbuído de boas intenções, não se sustenta por muito tempo depois de analisado de forma racional.




Ao aumentar ou criar uma lei de salário mínimo, o governo estará implicando em um aumento de gastos por parte do empregador em relação à quantidade de funcionários que este possui. A primeira consequência da criação de uma lei de salário mínimo – ou aumento do mesmo por lei – resultará na demissão daqueles que não rendem o que estão agora custando ao empregador. Se tomarmos como exemplo um recente aumento do salário mínimo para R$ 678,00, todos aqueles que rendem menos do que isso estarão fadados à demissão uma vez que empregador algum quer se engajar em prejuízos financeiros.

A situação descrita acima tende a pesar sobre os trabalhadores mais pobres e/ou jovens. Os mais pobres são os que menos possuem profissionalização, tendo em vista seus poucos recursos para arcar com um curso técnico e a qualidade risível das escolas públicas. Como resultado, serão os primeiros a serem atingidos pela sequencia de demissões à vista. Os mais jovens, por sua vez, não possuem muita experiência; da mesma forma como um trabalhador sem qualificação não rende muito, um trabalhador sem experiência rende igualmente pouco a ponto de ser empregado.

Contudo, um aumento de salário por meio de leis não resulta necessariamente na demissão de funcionários jovens e sem profissionalização. Quando o aumento dos custos de emprego não são muito abruptos, pode ocorrer do empregador ainda manter seus funcionários, mesmo tendo prejuízos. Ele pode optar por mantê-los a ponto de que eles obtenham a experiência necessária para que rendam mais do que o que passaram a custar, contudo, ele ainda estará perdendo dinheiro nesse período. Como consequência disso, ele terá que optar por um aumento de preços dos seus produtos ofertados. Os resultados disso são visíveis; com o aumento de preços os mais pobres serão os mais penalizados uma vez que são os que menos possuem capital para arcar com essa elevação de custos.

Como se as consequências citadas acima não fossem o bastante para demonstrar que um aumento de salário por parte do governo não só não tem os efeitos esperados, resultam em consequências que prejudicam em maior escala os menos afortunados, há ainda a questão dos pequenos e médios empregadores. Este grupo é formado por empregadores que não possuem capital em grande quantidade para arcar com um aumento nos custos de contratação resultantes de uma lei governamental. Esse é o motivo que levou o WalMart a apoiar um aumento de salário mínimo por lei em 2005. As pequenas redes de supermercados, isoladamente, não representam risco algum a uma grande corporação como o WalMart, contudo, coletivamente elas representam um forte poder competitivo para ele. O engajamento do WalMart em apoiar o governo americano em sua empreitada por um aumento de salário mínimo não passou de uma estratégia a fim de prejudicar a concorrências que ele tem com as pequenas e médias redes de mercado. Os executivos do WalMart sabiam muito bem que suas reservas de capital poderiam arcar com um aumento no custo de emprego de seus funcionários ao passo que as menores redes não poderiam.

Em suma, os menos afortunados (mais pobres) perderam três vezes:

  1. Perderam como trabalhadores uma vez que não possuem profissionalização e sua permanência como funcionários se tornou mais cara do que seu retorno à empresa.
  2. Perderam como consumidores uma vez que grande parte dos produtos por eles consumidos encareceu.
  3. Perderam como empregadores agora que ficou mais caro contratar e manter funcionários.



Soluções reais

Criticar as “soluções” mais comuns para o pouco poder de compra dos trabalhadores por si só não leva a lugar algum. Devemos também refletir acerca de quais soluções realmente melhoram seus salário e, por consequência, seu poder de compra sem que eles estejam ameaçados de demissões ou que os preços sejam elevados.

O preço dos produtos é reflexo de uma séria de etapas de sua produção. Cada uma dessas etapas possui um custo que irá se refletir no preço final do produto. Uma possível solução para um aumento do poder de compra dos trabalhadores seria a introdução de métodos administrativos mais eficazes. Tais métodos trariam consigo uma redução dos custos de produção, o que poderia representar uma potencial redução do preço final do produto. Foi dessa forma que Henry Ford conseguiu fazer com que o carro se tornasse um bem popular, ele introduziu um inovador modelo de administração que tornou sua linha de produção muito mais rápida e menos custosa.

A introdução de um maquinário mais eficaz também pode trazer os mesmos benefícios da solução acima. Quando a linha de produção de algum produto é incrementada com uma m´quina que consegue produzir de forma mais rápida e menos custosa, isso pode também trazer bons resultados no preço final do produto. Quando essa medida é feita em conjunto com a medida do parágrafo acima, o benéfico reflexo no preço se torna ainda melhor.

Para não deixarmos o governo de fora, devemos citar também as maneiras como ele pode, de forma correta agora, diminuir os preços de um produto. Uma delas seria a redução da carga tributária a fim de tornar mais barata a produção de um bem. Também poderia o governo diminuir a burocracia que os produtores são constantemente submetidos ao produzirem determinados produtos; burocracia custa tempo e dinheiro, inevitavelmente ela se refletirá no preço final. Uma vez retirada ou diminuída, há uma potencial chance dos preços caírem na mesma proporção.

Uma liberdade de mercado também viria a calhar. Com um mercado livre para a entrada de novos empreendedores, a competição por clientes fariam o preço dos produtos diminuírem (e sua qualidade aumentar). O que representa uma liberdade de mercado é a facilidade que uma empresa ou empreendedor tem de entrar e se movimentar no mercado. Os requisitos para isso, dentre outros, são: pouco imposto, pouca ou nenhuma burocracia estatal e protecionismo reduzido, de preferência nulo.

Ao ansiar por uma melhoria na qualidade de trabalho e remuneração dos trabalhadores, devemos ficar atentos a quais medidas sugerimos para isso. Mesmo medidas formadas pela melhor das boas intenções podem trazer consequências totalmente adversas aos grupos que elas mais buscavam proteger. Isso não se aplica somente ao salário, mas a várias outras “soluções” popularmente aplaudidas e requisitadas. Devemos analisar as consequências que uma medida traz de forma fria e racional por mais que estejamos convencidos de que elas foram movidas pelas melhores intenções.

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