Não é de hoje que a herança é mal vista pela esquerda. Para eles, essa transação de bens entre pais e filhos, ou
qualquer outro grupo que seja, não só representa a perpetuação da exploração de
classes capitalista, como também, um atentado à meritocracia, uma vez que o
herdeiro não trabalhou para ter os bens adquiridos. Eu já fiz uma defesa da
herança nesse texto, mas como o tema se tornou um tanto recorrente nas redes sociais
que participo, resolvi fazer um adendo.
A propriedade, ou bem herdado,
pode não ter sido conseguida por meio do trabalho e esforço pessoal do
herdeiro, mas não por isso ela se torna algo imoral ou passível de repúdio.
Aquele que trabalhou para ter tal bem está entregando-o a terceiros por vontade
própria. Ele está usando de seu direito de propriedade para fazer o que quiser
com a mesma, incluindo transferi-la para outro. Não há nada de errado ou
reprovável nisso.
Pela lógica esquerdista, uma
pessoa que recebe um presente não possui direito sobre o mesmo já que não
trabalhou para tê-lo. A herança, assim como uma usual troca de presentes, são
atividades livres onde um bem deixa de ser propriedade de um para ser a de
outro, mesmo que o destinatário não tenha movido um dedo para tê-lo.
Mal percebem os esquerdistas,
esses ferrenhos “defensores” das classes baixas, que o não respeito à
herança, principalmente por parte do Estado, prejudica muito mais os pobres do
que os ricos.
Tentando ser bem claro; hoje, no Brasil, para ser ter acesso a bens deixados como herança é necessário uma
maratona burocrática, além de altíssimos pagamentos ao governo, que o herdeiro necessita
fazer para ter a permissão estatal de ter o bem herdado. Em virtude de tal
cenário, aquele que é mais pobre vai necessitar de mais esforço e capital para
adquirir o que é seu por direito, ao passo que o rico possui mais meios e
facilidades para fazê-lo.
Eles também não percebem que, se
só o trabalhador que conquistou um bem pode tê-lo, então o Estado não tem
direito a nada, uma vez que ele e seus agentes não trabalharam para ter os bens
confiscados, e tampouco os que o fizeram estão dando por vontade própria. Mas a
essa altura do campeonato, esperar lógica por parte deles é um grande sinal de
ingenuidade.
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