Quando fui escrever esse texto,
eu pensei em usar o título “A Cultura do Estatismo”, mas os recentes protestos
e reivindicações mostraram que o título mais adequado seria mesmo o que se
encontra, “A Religião do Estatismo”.
Se tem uma coisa que ficou clara
nessas últimas duas semanas de protesto, além da falta de foco dos mesmos, é
que o estatismo é sim um religião, ou pelo menos é tratado como tal. As reivindicações
mostraram que as pessoas esperam apenas soluções estatais para os problemas da
sociedade, mesmo que estes problemas tenham sido causados pelo excesso de
intervenção.
O que caracteriza uma religião é
seu aspecto dogmático e a indolência de seus fiéis em contestá-la; são
incapazes de ver uma falta de lógica ou uma alternativa ao que é transmitido
pelos sacerdotes (políticos). Ou é aquela maneira ou é maneira nenhuma. Os
pedidos por mais investimento em educação, saúde, segurança, infraestrutura e
outras áreas por parte do governo só demonstra que as pessoas não enxergam que
isso pode ser feito por outros grupos de pessoas que não sejam os eminentes “representantes”
políticos da sociedade. “But who will build the roads?”,
perguntam eles.
Não se questionam que, se possuem
dinheiro para pagar educação, saúde, segurança e toda uma burocracia estatal
para administrá-las, são também muito mais hábeis para pagar por somente
educação, saúde e segurança.
Tanto calor os afasta também da
óbvia constatação de que o Estado é o causador dos problemas aos quais eles
estão submetidos. Peguemos o exemplo do transporte público. Foram claras as
reivindicações por um transporte mais barato e de melhor qualidade, acontece
que antes de ser aquele que vai atender esse pedido, o Estado é aquele que causou
essa situação de desordem. Não podemos nos esquecer que, além deles cobrarem
altíssimos impostos sobre os produtos que pesam no transporte coletivo (41%
diesel, 53% gasolina e 34% transporte público), ele também possui acordo
bilionários com as empresas de transporte, impedindo que novas entrem no
mercado e gerando concorrência; tal concorrência reduziria o preço e aumentaria
a qualidade do transporte. A cegueira mental é evidente.
Religiões se sustentam pelo medo.
Os sacerdotes vendem a ideia de que a humanidade está constantemente ameaçada
por um mal (Lúcifer, inferno, pecados, etc.) para sustentar a fé das pessoas
por meio do medo, e buscando salvação nos altares – com altos dízimos, é
claro-. Com o estatismo não é diferente, os políticos vendem a ideia de que
estamos constantemente submetidos a um mal e que somente o Estado (o deus dessa
religião) é aquele que pode nos salvar desse mal. Esse mal pode ser: o caos que
a sociedade entraria caso não houvesse governo; grupos de classes sociais
que querem explorar os outros; ausência de serviços (transformados em direitos
pelo Estado) em determinadas camadas da sociedade, etc. Somente o ato de
questionar se os problemas podem ser resolvidos por outrem ou que eles não
existem leva as pessoas a serem tratadas como hereges; não é atoa que aqueles
que acham que agências reguladoras, banco central, senado e outras instituições
estatais não devem existir são tratados como malucos e utópicos.
Contudo, da mesma forma como o
questionamento às religiões começaram a surgir com o aumento da informação e da
troca de ideias entre pessoas, o mesmo acontece com o questionamento ao Estado.
Minha esperança é que no futuro as pessoas percebam que não só o Estado é capaz
de fazer aquilo que ele se outorga e não permite mais ninguém fazer.
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